9 de dezembro de 2008

Felicidade Instantânea

" Nadezhda Medvdeva, conhecida como Nádia, é uma mulher perigosa. Morena e cheia de curvas, ela coleciona namorados pela rede. Seu alvo são homens do Canadá, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e EUA que colocaram anúncios on-line à procura de namorada.
A relação virtual vai bem até que o casal decide encontrar-se. Ele envia o dinheiro para a passagem. Ela recebe e desaparece.
Nádia é uma das personagens criadas por um grupo criminoso russo especializado em golpes virtuais."
(Folha de S.Paulo, 10/11/2004)




Com o advento da Internet, um fenômeno novo vem ocorrendo. Muitos sociólogos e psicólogos têm estudado este comportamento que encontra na rede mundial o seu meio de propagação, mas que é reflexo da cultura e não fato isolado.
A cada dia, mais e mais pessoas relacionam-se pelo computador, contudo, relacionamentos impessoais não são exclusividades dos teclados. A juventude tenta, com relacionamentos instantâneos, enxertar o espaço gerado por sua carência afetiva, uma ilusão de preenchimento sentimental, expondo-se muitas vezes a situações desapontadoras até constrangedoras.
No contexto das grandes cidades é que mais existe inclinação para esse comportamento individualista, e explicações para isso estão sendo tiradas de uma sociedade que a cada dia mais é competitiva, em que a cultura de fraternidade, muito comum nas cidades pequenas, onde a vizinhança se conhece e onde vínculos afetivos se formam, foi substituída pela cultura do interesse e da hipocrisia daqueles que se confrontam por um posto melhor no emprego, por um salário maior, fazendo imperar a ostentação e muitas vezes esquecendo os valores humanos.
Nesse cenário em que as pessoas estão cada vez menos dispostas a relacionamentos estáveis, é que os "namoros virtuais" surgem como grande solução para muitos que renunciam sua vida pessoal e se dedicam exclusivamente para o trabalho.
Entretanto, não é em relacionamentos momentâneos que reside a solução para uma vida vazia de significados, pois estar solitário não significa estar desacompanhado. Na realidade, o que hoje impera é o super-refugio em um relação desimpedida e livre, que mascara a dificuldade de se abrir, quebrando a barreira da impessoalidade para se aprofundar em um relacionamento que pode ser mais complicado, trabalhoso e amedrontador, mas que sem dúvida é mais recompensador e real.