13 de julho de 2010

Acaso


Tomara que a neblina das circunstancias mais doídas não sejam capazes de encobrir por muito tempo o nosso sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar e a respiração ficar áspera demais a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brechinha qualquer para ver também um bocadinho de céu. Chega um momento em que a gente se dá conta de que ás vezes para sermos verdadeiros com nós mesmos precisamos ter o desprendimento para abençoar as tentativas com êxito, agradecer pelo o que cada uma nos ensinou, e seguir. De que, as vezes, para reconstruir, é preciso demolir construções que, por mais atraentes que sejam, não são coerentes com a idéia de nossa vida.
Quando a minha mente está calma, eu acesso uma confiança que é descanso e proteção. Uma fé genuína na preciosidade da vida. Sinto que tudo em mim se reorganiza, silenciosamente, o tempo todo. Que isso tem mais a ver com o meu olhar, com a natureza das sementes que rego, do que eu possa perceber. Minha expectativa, tantas vezes ansiosa, de que as coisas sejam diferentes, dá lugar à certeza tranquila de que, naquele momento, tudo está onde pode estar. Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consigo, eu me sinto grata pelas mudanças que já realizei. E relaxo.
Tudo o que eu vivi me trouxe até aqui e sou grata a tudo, invariavelmente. Curvo meu coração em reverência a todos os mestres, espalhados pelos meus caminhos todos, vestidos de tantos jeitos, algumas vezes disfarçados de dor.
Eu mudei muito nos últimos anos, mais até do que já consigo notar, mas ainda não passei a acreditar em acaso. ^^
Ah, está chovendo ! *-*

Um comentário:

- Rafael - disse...

Olá Jéssica, e como é bom saber que sua escrita é tão coerente o quanto você pensa, vive. Sabe, pensei agora que só coerência não nos sustenta, não nos alimenta... Acreditar em um "acaso" não é fato, mais é fato saber que "acasos" também possam passar por nós, despercebidos as vezes. Belo texto, e senti que as palavras pesaram... Beijos... Continue na Fé em DEUS!